segunda-feira, 4 de junho de 2012

Perfil – Mãe Simplícia de Ògún.


Mãe Simplícia, uma guerreira!!!
Na época, em que Mãe Simplícia esteva à frente da Casa de Òsùmàrè, Getúlio Vargas já havia editado o Decreto-Lei 1.202, no qual ficava proibido o embargo sobre o exercício da religião do candomblé no Brasil. A partir da edição deste decreto-lei, cultuar os Òrìsà deixou de ser considerada atividade criminosa. Aos Africanos e afrodescendentes ficou assegurado o direito à liberdade de professarem sua fé.
Mas, infelizmente, não foi bem assim. A repressão e intolerância ao candomblé, em verdade havia se organizado. Para realizar as cerimônias religiosas, os rreiros precisavam pedir autorização e requerer um alvará de funcionamento na Delegacia de Jogos e Costumes, pagando taxas impostas para expedição deste documento.
O alvará de nada adiantava, não oferecia nenhum tipo de proteção, os terreiros continuaram a ser invadidos pela polícia que se tornava cada vez mais violenta. Os praticantes do candomblé continuaram a receber ordem de prisão, sofriam as mais diversas formas de intimidação, a citar como exemplo: autuados eram obrigados a carregar os seus atabaques na cabeça e caminhar até a delegacia.
Embora a Casa de Òsùmàrè já não fosse mais vítima dessas tais batidas policiais, Mãe Simplícia continuava indignada com o sofrimento dos povos de religiões de matrizes africanas, e tomou para si esta luta. E assim, começou sua jornada em defesa da liberdade religiosa.
Neste sentido, seu primeiro passo aconteceu em 1952, no inicio de sua gestão na Casa de Òsùmàrè. O carisma que lhe distinguia proporcionava manter relações influentes. Assim, tomou conhecimento que o presidente Getúlio Vargas, juntamente com o governador Régis Pacheco, o senador Assis Chateubriand, o vice-presidente Café Filho iriam inaugurar o Grande Hotel Caldas do Cipó, no sertão da Bahia. Diante desta informação, articulou-se para realizar a recepção para o presidente e sua comitiva, com o intuito de denunciar a releitura da inquisição contra o Candomblé promovido pela polícia baiana da época.
Nesta recepção, realizada aos 24 junho de 1952, Mãe Simplícia conseguiu a esperada conversa com o presidente e denunciou os horrores que os povos de religiões de matrizes africanas ainda sofriam, reivindicando, assim, os direitos de liberação dos cultos, conforme o decreto por ele sancionado. Uma ação que contribuiu para mudar o cenario vivido na epoca pelo povo de santo.
Mãe Simplícia de Ogun, Simpliciana da Encarnação, Ogun Dekisi, (1922 – 1967), era filha carnal de Maria das Neves da Conceição (Oyá Biyi), foi Iyalorixá do Candomblé Ilê Axé Oxumarê no local antigamente chamado de Mata Escura, bairro da Federação, Salvador, Bahia.
Em 1936 aos 14 anos foi iniciada por Mãe Cotinha de Yewá que depois se tornou sua cunhada por seu casamento com Hilário Bispo dos Santos (Vovô Hilário), irmão de Mãe Cotinha.
Em 1954 aos 38 anos com o falecimento de Mãe Francelina de Ogun, tomou posse como Iyalorixá da Casa de Oxumarê.

Teve cinco filhos: Jutaí Bispo dos Santos, Tânia Maria Bispo da Encarnação, Nilton Bispo dos Santos, Nilzete Austriquiliano da Encarnação e Erenilton Bispo dos Santos, todos iniciados na Casa de Oxumarê.
Descendentes de Mãe Simplícia
Iniciou quarenta e quatro Yawôs: Filhinha de Ogun (Dofona Deusuíta), Leonor de Oxumarê, Elza de Oxóssi, Ana de Ogun, Walquiria de Oxum, Nilza de Ogun, Dó de Ossayin, Cotinha de Oxalá, Deusuíta de Omulu, Pai Pérsio de Xangô, Ana Laura de Ogun, Duzinha de Nanã, Bentinha de Ogun, Rosinha de Obaluaiyê, Zezé de Obaluaiyê, Doroti de Yansan, Ekeji Angelina de Oxóssi.

Mãe era Simplícia e a fama de seu Orixá Ogum Dekisi, era conhecida por toda a cidade de Salvador. Pessoas de todos os lugares do mundo vinham até a Casa de Oxumarê para ter a honra de receber um abraço desta divindade de força tão presente.
Casa de Oxumarê.

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